Segundo dicionários online
de português, mentira tem variados significados como: "Afirmar aquilo que
se sabe ser falso, ou negar o que se sabe ser verdadeiro: mentir
vergonhosamente. Enganar, iludir; ludibriar. Ato de mentir; impostura, fraude,
falsidade.Hábito de mentir, entre outros".
Crianças, adolescentes,
jovens, adultos e até idosos mentem. Crianças mentem quando dizem estar
passando mal para não ir a escola, adolescentes mentem quando dão
"desculpas" para evitar punições na escola, jovens mentem quando não
querem sair com alguém e para não ficarem como mal educados, adultos mentem
quando não atendem telefones e mandam dizer que estão viajando e até idosos
mentem quando dizem que estão bem mesmo passando mal, só para não tomarem
remédios. Todos nós mentimos.
De acordo com CARRETEIRO
(2004), a mentira pode surgir por várias razões: receio das consequências (quando tememos que a verdade traga
consequência negativas), insegurança ou
baixa de autoestima (quando pretendemos fazer passar uma imagem de nós próprios
melhor do que a que verdadeiramente acreditamos), por razões externas (quando o exterior nos pressiona ou por motivos
de autoridade superior ou por co-ação), por
ganhos e regalias (de acordo com a tragédia dos comuns, se mentir trás
ganhos vale a pena mentir já que ficamos em vantagem em relação aos que dizem a
verdade) ou por razões patológicas.
Por ser comum, existe certa
tendência a abrandar ou até caracterizar a mentira como "mentirinha"
considerando-a comum e como uma forma de facilitar a inserção na sociedade, mas
quando nos deixamos envolver pelas mentiras, torna-se um vício, um mau que pode
se desenvolver para uma doença chamada Mitomania, que é a mania de mentir.
Segundo a psicóloga Heleni
Gimenes citada por Tany Souza (2011), há uma diferença entre a mentirinha que,
mesmo não sendo boa, é contada diariamente, e a doença de mentir. “O mitômano
cria histórias muito bem elaboradas como uma forma de defesa para suprir
necessidades psíquicas em sua vida, como a baixa auto-estima ou algumas desordens
emocionais”.
Não existe uma idade
específica para o início da mitomania, o que há são pessoas que buscam a
resolução de problemas emocionais e, para isso, usam de sua imaginação para
criar uma realidade paralela e confortável, mas que não é sua. “Fatores
familiares podem contribuir para o desenvolvimento do mitômano. Muitas vezes, o
núcleo familiar é muito desestruturado e a criança é vitima de violência física
ou psíquica e, para se defender da angústia que estes fatores causam, cria
histórias onde tudo é diferente”, esclarece Tany.
Existem alguns tipos de
mitômanos, segundo Carreteiro (2004):
•Aqueles em estado neurótico: a mentira pode surgir por problemas de autoestima e auto-imagem que necessitam
fazer-se passar uma auto-imagem melhor do que a que acreditam ter.
•Aqueles em estados limite: a mentira aparece frequentemente devido à
falta de barreiras externas que limitem tal comportamento. Esta situação surge
frequentemente em filhos de pais muito repressivos ou muito permissivos.
• Nas psicoses: a mentira surge na forma de delírio, uma descrição que as próprias
pessoas admitem como verdadeira, apesar do seu aspecto frequentemente bizarro,
devido a uma quebra de contrato com a realidade.
•Nas compulsões: pode surgir como forma de dependência, a pessoa sabe que está mentindo,
mas não consegue se controlar, num processo que surge de uma forma muito
semelhante ao do vício do jogo ou à dependência de álcool ou de drogas. Neste
caso, pela incapacidade de controlar os impulsos e pelo sofrimento causado, a
terapia é indicada, lembrando que primeiramente a pessoa afetada precisa
assumir a existência do problema e posteriormente procurar ajuda psicológica,
visando à eficácia do tratamento.
Entretanto, a mitomania por
ser considerado um vício como os demais, é difícil fazer com que a pessoa
entenda que está doente e precisa de ajuda profissional. No caso do mitômano,
ele prefere viver em seu mundo de mentiras do que enfrentar seus problemas
emocionais.
Mesmo assim, segundo Heleni
Gimenes citado por Tany Souza (2011), a mitomania tem cura com tratamento
psicológico, que levará a pessoa a entender os motivos de sua mentira e a focar
esta energia da irrealidade em algo positivo de sua personalidade. “A cura
total acontece quando a pessoa acolhe, entende e modifica a criança machucada e
desvalorizada que vive dentro dela. O mitômano constrói, então, uma nova visão
de si com ferramentas emocionais reais que não possuía na infância”, finaliza a
psicóloga.
"Assim como uma gota
de veneno compromete um balde inteiro, também a mentira, por menor que seja,
estraga toda a nossa vida". (Mahatma Gandhi)
Referências
CARRETEIRO,
Rui Manoel. A mentira. Psicologia.
PT: o portal dos psicólogos. In: Artigos. Disponível em: <http://www.psicologia.pt/artigos/ver_artigo.php?codigo=A0220>
Acesso em: 15/09/13.
Dicionário
informal. Mentira. In: Definições.
Disponível em: <http://www.dicionarioinformal.com.br/mentira/>
Acesso em: 17/09/13.
Dicionário
online de português. Mentir.
Disponível em:< http://www.dicio.com.br/mentir/>
Acesso em: 17/09/13.
JORGE,
Marilda. O perigo da mentira. Blog
do caminho, 2008 . Disponível em: <http://blog-do-caminho.blogspot.com.br/2008/07/o-perigo-da-mentira.html>
Acesso em: 16/09/13.
SIQUEIRA,
Bruno Alves. A psicologia da mentira:
Torne-se um detector de mentiras humano. ebah. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAkAoAH/psicologia-mentira>
Acessoa em: 17/09/13.
SOUZA,
Tany. Mentir pode não ser somente uma
mania. Arca Universal, 2011 . In: Notícias. Disponível em: <http://www.arcauniversal.com/noticias/comportamento/noticias/mentir-pode-nao-ser-somente-uma-mania-7572.html>
Acesso em: 17/09/13.
Wikipédia,
a enciclopédia livre. Mentira.
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Mentira> Acesso em: 17/09/13.
Vídeos ilustrativos: