terça-feira, 15 de março de 2011

Limite

A importância do limite
Tendo como princípio a cultura, todos nós herdamos características de autoritarismo, repressão e opressão. Em determinadas famílias não se permitia falar, se expor, perguntar, se referir aos pais que era considerado desrespeito. Com o passar dos tempos na tentativa de não repassar essas características a outras gerações, adotou-se uma educação mais libertadora. Libertadora no sentido de saber escutar, de falar dos seus sentimentos, de poder escolher, ter responsabilidades e ter relações de igualdade sabendo respeitar cada hierarquia.
            Ainda hoje, existe a questão do limite ligada a punição ou a falta dela e até mesmo ao castigo. Com a Psicologia a questão do limite é vista de outra forma. Pais e mães devem cumprir seu papel de orientadores, buscando ser responsáveis pela educação de seus filhos. Deixando claro que além da relação de amizade, cumplicidade e respeito essa relação deve ser caracterizada principalmente como: pai, mãe e filho. Futuramente quando adultos essa relação pode até ser de amizade, se na infância e adolescência ela for regada por aquilo que precisa receber dos pais: amor, carinho, cuidado, ser valorizado, educado e orientado quanto a tudo o que é certo e errado.
            Quando uma criança sabe o que pode fazer e até onde pode ir ela se sente segura. Aprende controlar melhor seus impulsos e emoções. E pode fazer escolhas até onde pode decidir. Sentindo-se cuidada e orientada consequentemente sente-se mais segura emocionalmente.
            Ter limite também é ter noção do outro, ter consideração e cuidado. Atualmente vivemos um período do TER onde o SER não é tão valorizado como deveria, um culto ao prazer a qualquer custo, do imediatismo e marcado também pelo individualismo “se estou com vontade, eu faço!” sem se preocupar com o outro.
            De acordo com OLIVEIRA (2000), “os limites marcam a realidade de cada relação e estrutura social, ajudando a criança a compreender e introjetar valores.

São atitudes que revelam dificuldades em se dar limite:

1- Insistência – “Filho vai tomar banho, filho vai tomar banho, filho vai tomar banho...”.

2- Perder a paciência e agredir - Dando assim um modelo de autoritarismo, de desigualdade de condições, de covardia, de violência;

3- Nada fazer, ignorar – continuar lendo seu jornal enquanto a criança sobe em cima do sofá, da mesa... Fornecendo assim um modelo de abandono.

4- Explicações exageradas – “Mãe, porque eu preciso escovar os dentes? Você precisa escová-los porque senão virão umas bactérias comerão o resíduo alimentar, formarão uma placa chamada placa bacteriana, fazendo um buraco que é a cárie, você sentirá dor e teremos que ir a um dentista que irá obturar o dente”.As explicações são importantes, mas devem ser dadas com simplicidade, objetividade na medida da curiosidade do outro.

5- Zanga prolongada – A pessoa que é autoridade zanga com a criança por fazer algo que não deveria. Periodicamente, volta ao assunto mesmo que ele não esteja no contexto, fazendo assim uso da situação para que a criança se sinta culpada pelo feito, vitimando a autoridade.

6- Nomear entidades utilizando-se de situações que provoquem medo para “frear” a criança ou passar a responsabilidade para o outro – “O homem do saco vai te pegar”; “Quando seu pai chegar você vai ver”; “Resolve isto com sua mãe e me deixa ver televisão”, etc; O conflito de cada relação deve ser resolvido no âmbito desta.

7- Chantagear – “Se você tomar injeção eu te dou um sorvete”. Fortalecendo a insegurança da criança, reconhecendo que aquilo que ela se submeterá é tão insuportável, que ela não tem estrutura para lidar e precisa ser aliviada. Quem ocupa o papel de comando não consegue segurar a “rédea” da situação. Abre caminho também para que a criança utilize a chantagem para obter aquilo que deseja. Nesta situação, a criança pode ser confortada, sentir que o outro está junto com ela na dor, não negando-a, nem subestimando ou super valorizando. Assim sendo, sente-se cuidada.

8- Ameaçar o filho com a perda do amor ou abandono – “Vou embora e vou deixar você aí, vai ficar sozinho”.Nada mais cruel e danoso para a criança que faz de tudo para obter o amor dos pais e sentir-se valorizado.

9- Comparações ou comentários negativos na presença de outros – “O filho do fulano não está chorando...” Reforça a menosvalia e insegurança da criança, uma vez que além da pessoa não ser clara no comentário (“Eu gostaria que você fosse ou estivesse quieta como o filho do fulano”), faz com que, a criança sinta-se não aceita, desconsiderada na sua percepção e muitas vezes sem condições de defender-se. O ser claro no comentário faz com que a responsabilidade da situação volte para a relação de conflito”.
A criança pode reagir ao limite de várias maneiras. Ela tentará chamar atenção chorando, fazendo pirraça, sendo dengosa, usando da comparação com irmão, primos e colegas de escola ou até tentando negociar. (ex: “Se eu fizer isso, você me da aquilo”). É importante aos pais nestas situações serem firmes e fazer sempre o que for prometido, pois se frente às pirraças os pais cederem, a criança sempre muito esperta já saberá como burlar tal situação. Assim, com o tempo os pais acabam perdendo a autoridade perante elas.
Educar é um processo difícil, de aprendizado constante tanto para os filhos quanto para os pais onde é sempre necessário estar reavaliando e reconstruindo valores. É importante também repensar os erros e os acertos para que estes sejam construídos juntamente com o outro, ou seja, a família e sempre aprimorados.

Referência Bibliográfica:
OLIVEIRA, Nina Eiras Dias: Limites. Jornal Existencial, Ed: SAEP. Ago/2000.Disponível em <HTTP://www.existencialismo.org.br/jornalexistencial/ninalimites.htm>. Acesso em 11 Out.2010.