quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

TORNAR-SE DEPENDENTE:O MEDO NA TERCEIRA IDADE



Segundo o site Capixabão, um novo estudo sobre o envelhecimento divulgado pela indústria farmacêutica Pfizer revela que enquanto 7% dos maiores de 65 anos afirmam que sua principal preocupação é a morte, 64% responderam que seu maior medo é perder a independência ou viver com dor e limitações físicas.

Dependência (significado de estado de dependente, sujeição, subordinação), Ser ou estar dependente traz sentimentos de raiva, vergonha, desafio. Quando criança ou adulto ainda jovem é perfeitamente aceitável, mas para adultos que começam a entrar na terceira idade — e é aqui que os idosos se incluem — depender de alguém não é apenas uma realidade desconfortável, é impensável. O que todos queremos é sermos capazes de cuidar de nós mesmos e de preferência, para sempre. 

Por mais que argumentamos com os nossos idosos que a certeza de independência eterna é sem fundamento, que em algum momento de nossas vidas seremos dependentes, isso não contribui muito a um membro idoso da família aceitar ajuda e conselhos do tipo: "está na hora de parar de dirigir…"; "o melhor é usar o ônibus e o metrô"; " está na hora de contratar um cuidador de idoso para te ajudar nas suas atividades diárias"… Todas essas mudanças implicarão em negociações conturbadas e dolorosas dentro de algumas famílias. Crescemos tendo a independência como um valor imprescindível e ter que abrir mão dela, parcialmente ou totalmente, não é uma tarefa fácil. É preciso que todos entendam isso para agir com cuidado, objetivando assegurar que as restrições de autonomia que serão inseridas não destrua os sentimentos de quem pretendemos ajudar.

Há muitas formas de envelhecer, mas algumas provocam mudanças que geram muitas adaptações e responsabilidades para os membros da família. Muitos idosos experimentam algum grau de dependência e necessidade de atenção nessa fase, é neste momento que a família deve pensar em contratar um profissional habilitado para cuidar do idoso. O cuidar de uma pessoa idosa com algum prejuízo ou doença incurável causa um desgaste emocional, físico e financeiro muito grande para toda a família que pode ir desestruturando ainda mais o núcleo familiar com o passar do tempo. É muito importante que a família busque ajuda para realizar esses cuidados, buscar entender como lidar com demandas do dia a dia daquele paciente, dividir as tarefas, buscar ajuda psicológica. Isso inclui uma assistência ao paciente e para a família buscando o tratamento adequado e uma assistência para o cuidador principal quanto à melhor decisão a ser tomada com relação aos cuidados com o paciente, como por exemplo, o controle dos sintomas desagradáveis que o paciente vir a sentir. 

Entretanto, há indivíduos que envelhecem com algum prejuízo, mas mantém certa independência, nestes casos, o cuidador profissional pode auxiliá-lo nas atividades cotidianas que não é mais capaz de realizar sozinho, além de participar do processo de reabilitação. 

Exemplos de idosos nesta condição são diabéticos com complicações, pacientes em tratamento de câncer, em pós-operátorio, com fraturas ósseas. Mas há também idosos que apresentam-se totalmente dependentes, com pouco ou nenhuma autonomia. Nesta situação estão os indivíduos com Alzheimer e Parkinson, em estágios avançados, com sequelas de isquemia cerebral (derrames) e os acamados. Para estes pacientes, o cuidador profissional presta um auxílio valioso, visando manter as melhores condições físicas possíveis. E para isto, o cuidador realiza uma grande gama de ações relacionadas à higiene íntima, à alimentação e à administração de medicações. ( VR Medcare, 2012)

Acompanhar uma pessoa com uma doença incurável que se encontra em estágio avançado e terminal é um desafio para qualquer equipe de saúde e para cada família; é uma experiência de intensa significação, especialmente se o paciente estiver com a consciência e cognição comprometida. Sua capacidade de interação com o mundo está quebrada, o que exige dos que estão à sua volta uma disponibilidade e motivação redobrada para decifrar sintomas. 

Enfim, acompanhar o processo de falta de independência do idoso tanto para ele mesmo quanto para aos familiares traz um profundo sofrimento emocional e aceitar esse processo é uma luta diária para ambos, uma vez que traz medo, angústia e resistência ao idoso e a busca de tolerância e paciência dos familiares. 
O que devemos entender é que em algum momento da vida todos nós precisaremos de alguém para nos auxiliar, uma vez que o envelhecimento acontece para todos. Mesmo sabendo que é difícil abrir mão da nossa dependência, um ponto positivo surge: a fragilidade aproxima um do outro. Tentamos assim buscar os pontos positivos para que a convivência se torne agradável e mais fácil de ser suportada.

"Aceitar nossa fragilidade é o que nos torna realmente fortes". (Thiago Grulha)


Referências

VR Med Care: cuidando com excelência. Medo de perder a independência é muito comum entre idosos. Disponível em: <http://www.vrmedcare.com.br/site/?p=612>. Acesso em: 17/01/13


Capixabão. Idosos têm mais medo de perder a independência do que a morte. In: Saúde e Gastronomia. Disponível em: <http://www.capixabao.com/noticia/11787/saude-e-gastronomia/idosos-tem-mais-medo-de-perder-a-independencia-do-que-a-morte/> Acesso em: 17/01/13.

Agito Campinas. A Terceira Idade: Por que temos tanto medo dessa fase da vida? Disponível em: < http://www.agitocampinas.com.br/materias/2146> Acesso em: 29/01/13.

SÉ. Elisandra Vilella G. Via Estelar. Medo e angústia em relação à morte é devido à falta de um "modelo de referência". In: Mente na Terceira Idade:informações sobre funcionamento da mente na terceira idade e gerontologia. Disponível em: <http://www2.uol.com.br/vyaestelar/mentenaterceiraidade_morte01.htm> Acesso: 29/01/13.

Assista os vídeos ilustrativos: 




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