terça-feira, 17 de setembro de 2013

O perigo da mentira




Segundo dicionários online de português, mentira tem variados significados como: "Afirmar aquilo que se sabe ser falso, ou negar o que se sabe ser verdadeiro: mentir vergonhosamente. Enganar, iludir; ludibriar. Ato de mentir; impostura, fraude, falsidade.Hábito de mentir, entre outros".

Crianças, adolescentes, jovens, adultos e até idosos mentem. Crianças mentem quando dizem estar passando mal para não ir a escola, adolescentes mentem quando dão "desculpas" para evitar punições na escola, jovens mentem quando não querem sair com alguém e para não ficarem como mal educados, adultos mentem quando não atendem telefones e mandam dizer que estão viajando e até idosos mentem quando dizem que estão bem mesmo passando mal, só para não tomarem remédios. Todos nós mentimos.

De acordo com CARRETEIRO (2004), a mentira pode surgir por várias razões: receio das consequências (quando tememos que a verdade traga consequência negativas), insegurança ou baixa de autoestima (quando pretendemos fazer passar uma imagem de nós próprios melhor do que a que verdadeiramente acreditamos), por razões externas (quando o exterior nos pressiona ou por motivos de autoridade superior ou por co-ação), por ganhos e regalias (de acordo com a tragédia dos comuns, se mentir trás ganhos vale a pena mentir já que ficamos em vantagem em relação aos que dizem a verdade) ou por razões patológicas.

Por ser comum, existe certa tendência a abrandar ou até caracterizar a mentira como "mentirinha" considerando-a comum e como uma forma de facilitar a inserção na sociedade, mas quando nos deixamos envolver pelas mentiras, torna-se um vício, um mau que pode se desenvolver para uma doença chamada Mitomania, que é a mania de mentir.

Segundo a psicóloga Heleni Gimenes citada por Tany Souza (2011), há uma diferença entre a mentirinha que, mesmo não sendo boa, é contada diariamente, e a doença de mentir. “O mitômano cria histórias muito bem elaboradas como uma forma de defesa para suprir necessidades psíquicas em sua vida, como a baixa auto-estima ou algumas desordens emocionais”. 


Não existe uma idade específica para o início da mitomania, o que há são pessoas que buscam a resolução de problemas emocionais e, para isso, usam de sua imaginação para criar uma realidade paralela e confortável, mas que não é sua. “Fatores familiares podem contribuir para o desenvolvimento do mitômano. Muitas vezes, o núcleo familiar é muito desestruturado e a criança é vitima de violência física ou psíquica e, para se defender da angústia que estes fatores causam, cria histórias onde tudo é diferente”, esclarece Tany.

Existem alguns tipos de mitômanos, segundo Carreteiro (2004): 

Aqueles em estado neurótico: a mentira pode surgir por problemas de autoestima e auto-imagem que necessitam  fazer-se passar uma auto-imagem melhor do que a que acreditam ter.
Aqueles em estados limite: a mentira aparece frequentemente devido à falta de barreiras externas que limitem tal comportamento. Esta situação surge frequentemente em filhos de pais muito repressivos ou muito permissivos.
Nas psicoses: a mentira surge na forma de delírio, uma descrição que as próprias pessoas admitem como verdadeira, apesar do seu aspecto frequentemente bizarro, devido a uma quebra de contrato com a realidade.
Nas compulsões: pode surgir como forma de dependência, a pessoa sabe que está mentindo, mas não consegue se controlar, num processo que surge de uma forma muito semelhante ao do vício do jogo ou à dependência de álcool ou de drogas. Neste caso, pela incapacidade de controlar os impulsos e pelo sofrimento causado, a terapia é indicada, lembrando que primeiramente a pessoa afetada precisa assumir a existência do problema e posteriormente procurar ajuda psicológica, visando à eficácia do tratamento.

Entretanto, a mitomania por ser considerado um vício como os demais, é difícil fazer com que a pessoa entenda que está doente e precisa de ajuda profissional. No caso do mitômano, ele prefere viver em seu mundo de mentiras do que enfrentar seus problemas emocionais.

Mesmo assim, segundo Heleni Gimenes citado por Tany Souza (2011), a mitomania tem cura com tratamento psicológico, que levará a pessoa a entender os motivos de sua mentira e a focar esta energia da irrealidade em algo positivo de sua personalidade. “A cura total acontece quando a pessoa acolhe, entende e modifica a criança machucada e desvalorizada que vive dentro dela. O mitômano constrói, então, uma nova visão de si com ferramentas emocionais reais que não possuía na infância”, finaliza a psicóloga.


"Assim como uma gota de veneno compromete um balde inteiro, também a mentira, por menor que seja, estraga toda a nossa vida". (Mahatma Gandhi)


Referências



CARRETEIRO, Rui Manoel. A mentira. Psicologia. PT: o portal dos psicólogos. In: Artigos. Disponível em: <http://www.psicologia.pt/artigos/ver_artigo.php?codigo=A0220> Acesso em: 15/09/13.


Dicionário informal. Mentira. In: Definições. Disponível em: <http://www.dicionarioinformal.com.br/mentira/> Acesso em: 17/09/13.


Dicionário online de português. Mentir. Disponível em:< http://www.dicio.com.br/mentir/> Acesso em: 17/09/13.

 JORGE, Marilda. O perigo da mentira. Blog do caminho, 2008 . Disponível em: <http://blog-do-caminho.blogspot.com.br/2008/07/o-perigo-da-mentira.html> Acesso em: 16/09/13.

SIQUEIRA, Bruno Alves. A psicologia da mentira: Torne-se um detector de mentiras humano. ebah. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAkAoAH/psicologia-mentira> Acessoa em: 17/09/13.


SOUZA, Tany. Mentir pode não ser somente uma mania. Arca Universal, 2011 . In: Notícias. Disponível em: <http://www.arcauniversal.com/noticias/comportamento/noticias/mentir-pode-nao-ser-somente-uma-mania-7572.html> Acesso em: 17/09/13.

Wikipédia, a enciclopédia livre. Mentira. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Mentira>  Acesso em: 17/09/13.

Vídeos ilustrativos: