quarta-feira, 26 de outubro de 2011

CIÚMES ENTRE IRMÃOS


O ciúme constitui uma reação emocional que se caracteriza por um sentimento de inveja e ressentimento generalizado para a pessoa que se considera como rival.

É possível perceber hoje a dificuldade que as crianças têm em dividir, partilhar a afeição, a atenção dos membros da família e até mesmo seus objetos e brinquedos com outras crianças. De acordo com especialistas, isto tem relação com a diminuição do número de filhos nas famílias. O filho único, que antes não era comum na família, no século 21 tornou-se freqüente.
Mas em famílias com mais de um filho geralmente o nascimento de um novo filho pode fazer com que o irmão primogênito sinta forte impacto provocado pela chegada inexplicável de um “intruso”, pois além de perder o “troninho” deve aprender a partilhar o mais importante a atenção dos pais que antes era somente dele.

Entre os 2 e os 6 anos, as relações com os irmãos constituem, mais do que em qualquer outra idade, a parte mais importante do meio social da criança. É nestas idades que geralmente nasce um irmão, um momento muito importante na vida de uma criança e que altera todo o seu pequeno universo.

A reação da criança vai depender da sua idade quando o irmão nascer.
• 18-24 meses – a criança tem muita dificuldade em compreender e aceitar a chegada de um irmão, pois está a viver uma fase em que descobre o medo da separação da mãe e, mais tarde, a crise de oposição e do negativismo sistemático.
• 3 anos – a adaptação também pode ser difícil pois pode coincidir com a entrada no jardim-de-infância e as reações negativas à presença do irmão podem ser confundidas com a má adaptação escolar.
• 4-5 anos – a adaptação à chegada de um irmão é mais fácil, pois a criança compreende o que se está a passar à sua volta e já é capaz de tomar conta de si.
• > 6 anos – a chegada de um irmão habitualmente é encarada de forma positiva, assumindo mesmo o papel de irmão mais velho.

O modo como a criança manifesta e exterioriza o ciúme é muito variável, dependendo da idade da criança e das reações dos pais. O comportamento regressivo é a forma mais comum e caracteriza-se pela retomada de comportamentos que já tinham sido abandonados, como a regressão na linguagem, voltar a querer o bico, fazer xixi na cama, entre outras. No entanto, a exigência constante de atenção, ou pelo contrário, mau comportamento sistemático para chamar para si as atenções, pode ser um modo de manifestação.

A criança pode até ter atitudes de hostilidade dirigidas ao irmão ou à mãe. Outra forma de reagir é a atenção e preocupação constantes com o irmão, rodeando a mãe e o bebê de cuidados excessivos, com o desejo de agradar e recuperar o “amor perdido” da mãe. É nesta altura que a criança se questiona constantemente sobre: “Se os meus pais me amam, porque querem outro filho?”, “Vou continuar a ser admirado?”, “Será que vão continuar a gostar de mim?”.

O ciúme revela-se do irmão mais velho pelo mais novo, pois é o irmão mais velho o único que conheceu uma realidade em que o irmão não estava presente e tem a perder com a sua chegada. O mais novo sempre viveu na presença do mais velho e geralmente tem sentimentos positivos tendo-o como objeto de imitação e mentalmente identificando-se com ele.

A atitude dos pais é determinante, pois o modo como tratam cada filho poderá estar na origem das relações conflituosas – a base de toda esta rivalidade/hostilidade assenta no desejo de a criança ter o amor dos pais.
 
À medida que o tempo vai passando e o irmão mais novo cresce, o mais velho assume o papel de “irmão mais velho”. É nesta altura que a atitude dos pais é fundamental, pois, se demonstrarem compreensão e atitudes positivas, a criança supera o ciúme inicial, caso contrário, pode gerar-se um ciclo vicioso e “traumatizante” para a criança.

Para prevenir os ciúmes entre irmãos é necessário:
·         Que os pais proporcionem segurança e atenção desejáveis para que o irmão não se sinta abandonado com a chegada do bebê.
·         Evitar que haja mudanças na vida do irmão, por exemplo, mudando-o de quarto, deixando-o mais tempo na escola. Não se deve reduzir a quantidade, nem a qualidade da atenção, que a mãe e o pai dispensam à criança mais velha, tentando manter a rotina anterior ao nascimento do irmão.
·         Ajudar o irmão mais velho a assumir o novo papel, ressalvando a sua importância, e prevenindo o ciúme que aparece com freqüência quando a mãe ou o pai estão absorvidos no cuidado do bebê. É importante estimular a sua participação nesses cuidados, de forma que o filho se sinta importante e prestável.
·         Evitar comparações, bem como a distribuição de papéis entre irmãos. Os pais devem colocar em evidência os progressos de cada criança assim como suas qualidades. Pretende-se com isto valorizar o seu progresso em determinada situação, aumentando a sua auto-estima.

O amor de uma criança pelos seus pais é extremamente intenso e incondicional, portanto, há o desejo da exclusividade. O sentimento de ciúme deve ser encarado de forma natural. É próprio do ser humano, se os pais fizerem um esforço contínuo para ajudar os seus filhos nas suas angústias, as crianças terão oportunidade de aprender, a cada dia, a adaptar-se às novidades e a abrir mão do egocentrismo próprio da primeira infância. É muito importante que os pais estejam em sintonia com os sentimentos das crianças e as ajudar a manifestar-se.

Referência:

COSTA, Sandra. Educação de Infância. O ciúmes entre irmãos. 12 de Dezembro de 2008.  Disponível em: http://educacaodeinfancia.com/o-ciume-entre-irmaos/. Acesso em 15 de Outubro de 2011.

Vejam o vídeo ilustrativo: Gostou do texto? comente.... obrigada. Aline Bicalho.