sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Hipocondria


           
            A hipocondria é uma doença psiquiátrica que leva as pessoas a acreditarem que sofrem de uma determinada doença, geralmente grave, quando no fundo não existe qualquer mal a afetá-las. Costuma vir associada a um medo irracional da morte, a uma obsessão com sintomas ou defeitos físicos irrelevantes, preocupação e auto-observação constante do corpo e até às vezes, à descrença nos diagnósticos médicos. Começa então a maratona médica, pois estes pacientes vão peregrinar entre vários profissionais da saúde até encontrarem alguém que confirme suas preocupações. Enquanto suas suspeitas não são ratificadas eles persistem em sua busca, cada vez mais decepcionados e ressentidos. Muitas vezes encarada como algo engraçado, a patologia é séria e prejudica a vida de pacientes e familiares.
            Sabe-se que a hipocondria é uma perturbação frequente entre os doentes que recorrem aos cuidados de clínica geral — estima-se que entre 4 % e 6 % da população sofrem de hipocondria. Porém, encontra-se com mais frequência em jovens adultos e pode se prolongar por um longo tempo.  Muitas vezes a hipocondria coexiste e é mascarada por outras doenças psiquiátricas, como a depressão. Ironicamente, os hipocondríacos tendem também a apresentar mais sintomas físicos e disfunções de órgãos, desta vez reais, do que a população geral.
            A hipocondria pode vir associada ao TOC* (Transtorno Obsessivo Compulsivo) e à ansiedade, pois os enfermos apresentam uma ideia fixa e se tornam compulsivos no hábito de marcar consultas sem cessar e na prática de visitar constantemente os médicos e os sistemas de saúde. Mas os portadores deste distúrbio não deliram, conservam certa racionalidade, pois normalmente admitem que estejam sendo excessivos em suas preocupações, embora não consigam aceitar a ideia de que não estão enfermos.

Sintomas e Diagnóstico
            Para poder afirmar que determinada pessoa é hipocondríaca, deverá apresentar esta perturbação durante pelo menos seis meses. O hipocondríaco não é um doente imaginário, mas alguém que apresenta uma verdadeira doença crônica, uma perturbação perceptiva, cognitiva e psicológica que origina sofrimento real, disfunções psicofisiológicas, deterioração familiar e social e possibilidades de automedicação.
Os sintomas de hipocondria são:
              Preocupação excessiva com a sua saúde,
              Ir muitas vezes ao médico,
              Querer realizar muitos exames sem necessidade,
              Não aceitar a opinião dos médicos quando estes afirmam que o indivíduo não está doente,
              Ter um amplo conhecimento de nomes de medicamentos e para que podem ser utilizados,
              Ao sentir qualquer sintoma aparentemente inofensivo, exageram achando que estão gravemente doentes.

            A hipocondria pode surgir subitamente sem nenhum desencadeante identificado, e ser estável ao longo do tempo, ou manifestar-se em sequência de um período mais vulnerável. A hipocondria surge muitas vezes em pessoas que sofreram uma doença orgânica durante a infância ou que tiveram contato durante muito tempo com familiares doentes, sobretudo, se houve um desfecho fatal, outros fatores são os desapontamentos, as rejeições, as perdas, o stress, a ansiedade, e a própria personalidade do doente, com traços de baixa auto-estima, introversão e obstinação.
            A evolução desta doença é crônica e desgastante, com episódios que duram meses ou mesmo alguns anos, seguindo-se períodos de acalmia, podendo surgir novos episódios na sequência de acontecimentos negativos de natureza psicológica ou social. Nas alturas em que está ativa, a doença traz sempre intensa ansiedade e sofrimento, perturbando grandemente a vida do indivíduo.
            O hipocondríaco em muitos casos se sente melhor ao tomar uma série de remédios para se dopar, achando assim, estar livre das supostas doenças. Alguns relatam que ficam felizes ao tomar os remédios uma vez que entram numa depressão profunda por pensar ter muitas doenças.

Tratamento
              Inicialmente, os doentes são seguidos pelos clínicos gerais ou médicos de família. Um médico de família compreensivo e paciente, que consiga estabelecer uma relação de confiança com o doente, pode ajudar a aliviar a ansiedade em que ele vive.
              Caso estes médicos não obtenham resultados, logo que possível, deverão encaminhar o doente a uma consulta com psiquiatria. Os doentes hipocondríacos são resistentes em aceitar o tratamento psiquiátrico, pois sentem essa abordagem como uma desvalorização da sua doença. Consequentemente, é muito difícil para o psiquiatra avaliar devidamente a doença e medicá-la, pois estas pessoas não se acham psiquicamente doentes, portanto elas dispensam facilmente qualquer ajuda psiquiátrica.
              Existe hipótese de melhoria ou mesmo cura para a hipocondria se o doente reconhecer e aprender a lidar com a sua doença. Mecanismos de distração, relaxamento e integração numa terapia de grupo, podem ser a solução.
              Na Terapia Cognitivo Comportamental, o doente aprende a reinterpretar os sintomas, substituindo os pensamentos mal adaptativos por adaptativos. Ex: Se lhe aparece uma mancha no corpo, em vez de pensar que é um sinal de doença grave, deve pensar ‘isto é uma irritação da pele, e vai passar.
              Outra forma é o Psicodrama, que é uma terapia de grupo, que acontece semanalmente, onde estão presentes doentes e técnicos. Cada paciente conta e representa de forma espontânea o problema que vive e, posteriormente, são feitos comentários. O objetivo desta técnica é trazer à superfície as preocupações ocultas dos pacientes e produzir efeitos formativos e ajustamentos no seu comportamento.
              Há ainda os antidepressivos, mas é preciso avaliar se há algum outro distúrbio psíquico envolvido, uma vez que não existe medicação específica para hipocondria. Se houver sinais de TOC*, o enfermo pode ser tratado com os mesmos medicamentos usados para este problema, como a Fluoxetina e o Prozac. 

Referências Bibliográficas 

FILIPE, Sofia.  Hipocondria: uma doença crônica. In: Consultas de especialistas. Dispononível em: <
 
SANTANA, Ana Lúcia. Infoescola: navegando e aprendendo. Hipocondria. In:  Psicologia. Disponível em: < http://www.infoescola.com/psicologia/hipocondria/> . Acesso: 27/09/12.

 
Tua saúde: saúde, nutrição e bem-estar. Hipocondria. In: Transtornos Psicológicos. Disponível em: <http://www.tuasaude.com/hipocondria/>. Acesso em : 27/09/12

 Wikipédia, a enciclopédia livre. Hipocondria. In: Artigo. Discussão.  Disponível em:< http://pt.wikipedia.org/wiki/Hipocondria>. Acesso em: 27/09/12.

Veja o vídeo ilustrativo: