quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Acidente Vascular Cerebral (AVC)



Acidente Vascular Cerebral (AVC) é popularmente conhecido como “derrame cerebral”.  Ele ocorre quando o suprimento sanguíneo é reduzido ou bloqueado, podendo haver perda súbita da função neurológica, ocasionando lesões cerebrais que podem ser pequenas, severas, temporárias ou permanentes. É uma doença de início súbito na qual o paciente pode apresentar paralisação ou dificuldade de movimentação dos membros de um mesmo lado do corpo, dificuldade na fala ou articulação das palavras e déficit visual súbito de uma parte do campo visual. Pode ainda evoluir com coma e outros sinais.

Existem vários tipos de AVC: o AVC isquêmico: É o tipo de AVC mais comum, presente em cerca de 80% dos casos. Ocorre pela falta de fluxo sanguíneo cerebral, levando ao sofrimento e enfarte do parênquima do sistema nervoso; o AIT ou ataque isquêmico transitório: corresponde a uma isquemia (entupimento) passageira que não chega a constituir uma lesão neurológica definitiva e não deixa sequela. Ou seja, é um episódio súbito de deficit sanguíneo em uma região do cérebro com manifestações neurológicas que se revertem em minutos ou em até 24 horas sem deixar seqüelas; AVC hemorrágico: É o acidente vascular cerebral menos comum presente em cerca de 20% dos casos, mas não menos grave. Ocorre pela ruptura de um vaso sanguíneo intracraniano. A inflamação e o efeito de massa ou pressão exercida pelo coágulo de sangue no tecido nervoso prejudicam e degeneram o cérebro e a função cerebral.

Diagnóstico: O diagnóstico do AVC é clínico, ou seja, é feito pela história e exame físico do paciente. Perda ou dificuldade súbita do movimento dos membros de um mesmo lado do corpo sugere fortemente AVC. Outros sintomas menos específicos, como queda do estado geral e coma, também levantam a chance de AVC. É boa prática que a hipótese seja confirmada por um exame de imagem, tomografia computadorizada e ressonância magnética, que permitem ao médico identificar a área do cérebro afetada e o tipo de AVC.

O risco de acontecer um AVC diminui consideravelmente quando as pessoas adotam hábitos saudáveis em relação a sua alimentação, optam pela prática de atividades físicas regulares e param de fumar.

 Existem diversos fatores considerados de risco para a chance de ter um AVC, sendo os principais: a hipertensão arterial(pressão alta), doença cardíaca (arritmias, infarto do miocárdio, doença de Chagas, problemas nas válvulas, etc.), colesterol, tabagismo, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, diabetes, idade (quanto mais idosa uma pessoa, maior a sua probabilidade de ter um AVC. Isso não impede que uma pessoa jovem possa ter), sexo (até aproximadamente 50 anos de idade os homens têm maior propensão do que as mulheres; depois desta idade, o risco praticamente se iguala), obesidade, anticoncepcionais hormonais (Atualmente acredita-se que as pílulas com baixo teor hormonal, em mulheres que não fumam e não tenham outros fatores de risco, não aumentem, significativamente, a ocorrência de AVC), condições de vida (homens solteiros ou infelizes no casamento correm mais risco de sofrer AVC), malformação arteriovenosa cerebral (distúrbio congênito dos vasos sangüíneos do cérebro nos sítios onde exista uma conexão anormal entre as artérias e as veias).

Pacientes acometidos pelo AVC poderão apresentar déficits motores, de sensibilidade, visuais, perceptivos, deglutição, linguagem, cognitivos e de humor. No caso de um acidente encefálico associado a déficits motores, necessita-se de acompanhamento da equipe de fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais para potencializar e fortalecer os músculos que ainda possuem a inervação funcionante para assim diminuir as deficiências que podem ter sido causadas; no caso de problemas na fala e/ou deglutição um fonoaudiólogo pode ser necessário.

É comum após um AVC o paciente apresentar sintomas de ansiedade, depressão e dificuldades para controlar suas emoções, em razão do medo de ocorrer um novo AVC ou pela própria expectativa de sua recuperação. Vale lembrar que o AVC é uma doença que merece muita atenção pela mudança que pode provocar na dinâmica da vida da vítima, da vida da sua família e das pessoas que dela cuidam. A vítima, antes totalmente funcional, pode se tornar totalmente dependente física e financeiramente de seus cuidadores. Pode, uma vez acamada, desencadear outras complicações, como escaras de decúbito, pneumonia e constipação. Além disso, existe descrito o stress do cuidador - que, aliás, também deve ser abordado e ouvido no tratamento do paciente acamado, minimizando as seqüelas familiares.
Vários são os fatores associados ao comprometimento da qualidade de vida do paciente com AVC, sendo a depressão um dos mais importantes fatores para a baixa qualidade de vida.

A presença desses sintomas traz significativo comprometimento para a recuperação do paciente, piora da sua qualidade de vida, dificultando a adesão ao tratamento, distorcendo a percepção geral a respeito da própria saúde, além de reduzir os níveis de energia, inibir a interação social e a motivação.

É necessário que este paciente tenha apoio psicológico para elaborar perdas, elevar a auto-estima e a motivação, compreender sua nova condição de vida e aderir aos tratamentos que contribuam efetivamente para a sua recuperação.

Algumas idéias para os pacientes
  • Planifique atividades semanais e diárias em que sinta autônomo e realizado.
  • Sempre que possível procure reunir com familiares e antigos conhecidos e faça novas amizades. Fale abertamente com eles sobre as suas angústias.
  • Não hesite em pedir ajuda quando sente que precisa;
  • Dedique algum tempo ao lazer e a fazer o que realmente gosta (passeios, leituras, visitas culturais, escrita, ouvir música, jardinagem, etc.);
  • Integre-se em grupos de voluntariado o que lhe permitirá combater o isolamento e a encontrar histórias de vida, certamente, idênticas à sua;
  • Pratique exercício físico que lhe permitam libertar tensões e emoções;
A determinada altura do ciclo de vida da família pode ocorrer mudanças que obrigam a que esta tenha que se re (estruturar), nomeadamente o aparecimento de doenças crônicas como é o caso das seqüelas de AVC. Quando tal acontece no seio de uma estrutura familiar, o primeiro impacto é de dúvida e incerteza em relação ao cuidado a prestar. A família terá, portanto que (re) definir novamente as suas funções e responsabilidades.

Algumas idéias para os familiares

  • Solicite e aceite ajuda. Procure apoio através de amigos, um profissional ou junto de grupos de apoio psico-educativos;
  • Nomeie alguém que o substitua em caso de ausência, alguém da sua rede de familiares e amigos. A existência de um 2º cuidador poderá ajudar a aliviar o desgaste psicológico causado pela doença assim como lhe permitirá partilhar tarefas;
  • Reúna com os seus restantes familiares no sentido de se (re) organizarem e de redefinirem os papéis de cada um;
  • Mantenha, tanto quanto possível, atividades de lazer, tais como: sair, passear, ir às compras, ler, ouvir música…
  • Pratique exercícios de relaxamento sempre que se sentir ansiedade ou cansaço físico e psicológico;
  • Facilite a comunicação no interior do núcleo familiar. O diálogo é uma ferramenta importante na resolução de problemas. Saiba ouvir o seu familiar e fale com ele. Sempre que não o conseguir fazer, procure, mentalmente, colocar-se no “lugar do outro”;
  • Na relação com o familiar, procure utilizar palavras simples e curtas. Procure entender as suas dificuldades e necessidades (respeito e dignidade) ajudando-o a combater a solidão e a prestar suporte afetivo;
  • Respeite o direito à decisão, a privacidade física e emocional do seu familiar;
  • Solicite informação e formação adequada sobre aspectos relacionados com os AVC´s que lhe permitam enfrentar aspectos práticos da doença e aumentar o sentimento de controle e eficácia pessoal;
  • Procure recursos que lhe permitam aliviar um pouco os cuidados prestados (Apoio Domiciliário ou Unidades de Cuidados Continuados podem ajudá-lo);