sábado, 28 de maio de 2011

NEUROCIÊNCIAS, DROGAS E EDUCAÇÃO

Sabe-se que o processo ensino/aprendizagem ocorre a partir da aquisição de novos comportamentos, ou seja, “aprendizagem seria, então, a aquisição de novos conhecimentos, habilidades, atitudes, competências que nos permitiriam transformar nossa prática e o mundo em que vivemos”. (Guerra, 2007)
            A aprendizagem acontece com mais facilidade em crianças e jovens onde a neuroplasticidade (propriedade de reorganização do sistema nervoso é mais eficaz). Podemos contribuir ou não para que ocorra a aquisição de novos comportamentos, uma vez que tenhamos ou não certa qualidade no âmbito biopsicossocial, o que pode dificultar ou propiciar a aprendizagem.
            Enquanto crianças aprendemos principalmente a ler, escrever e vamos nos desenvolvendo como pessoas. Quando adolescentes e jovens vamos adquirindo mais conhecimentos e passando por experiências, sendo este um momento significativo de transição onde a identidade está sendo formada. É neste processo que muitas transformações acontecem, novas amizades, novos gostos e novas experiências, algumas boas (o primeiro amor) e outras ruins (frustrações), e é nestas frustrações que os jovens ficam propício a conhecer diversas formas de amenizar seus problemas, dentre eles: as drogas.
Para um melhor entendimento, é importante que este conceito seja definido.
DROGAS – é qualquer substância química que, quando ingerida, modifica uma ou várias funções do sistema nervoso central, produzindo efeitos psíquicos e comportamentais. São drogas psicoativas: o álcool, maconha, cocaína, café, chá, diazepan, nicotina, heroína, etc. (Dalgalarrondo, 2000, p.212).
O início do uso das drogas está ocorrendo com pessoas cada vez mais jovens e com substâncias de valor tóxico cada vez mais elevado. Sob o efeito da droga os jovens encontram mesmo que momentaneamente algo que lhe traga prazer ou que faça esquecer seus problemas.
Há jovens que usam uma ou duas vezes e não usam mais, mas há jovens que pelo uso freqüente se tornam dependentes. São estes últimos que com o tempo perdem a noção de limite e de risco que as drogas podem ocasionar em suas vidas, o que importa é o prazer proporcionado pela mesma. O maior risco pode acontecer no cérebro.
Analisando os efeitos das drogas do ponto de vista da neurociência, é visto que elas podem causar efeitos cerebrais profundos. De acordo com Ballone (2005) a via neurológica mais envolvida nas dependências é o chamado sistema mesolímbico de recompensa (local ativador das sensações de prazer e alvo de ação das drogas). Este sistema se estende desde o tegmento ventral até o núcleo acumbes, apresentando projeções para diferentes áreas, como o sistema límbico e o córtex orbito frontal.
Alguns estudos mostram haver diversos neurotransmissores envolvidos, principalmente a dopamina (encontra-se no sistema límbico), é um neurotransmissor comum entre todos os casos de dependência química. Quando ocorre o uso exacerbado de drogas a níveis supra fisiológicos, ela se torna hiperativa danificando e destruindo neurônios.
A dopamina além dos estímulos prazerosos como o sexo, o lazer indica também os estímulos repulsivos como o medo e o perigo. Ela faz com que a pessoa perceba certos indicativos (positivos ou negativos) em seu ambiente, essa função está localizada no córtex pré-frontal.
Segundo Nora Volkow (2007, apud Brandão, 2009) “quando os níveis de dopamina estão muito elevados pela ação das drogas, prejudicam ou destroem as seguintes áreas cerebrais: Giro Anterior Cingulado (que governa a atenção e regula a impulsividade), o Córtex Pré-frontal Orbital (medidor da tarefa de avaliar o estímulo ambiental) e o Córtex Pré-frontal Lateral Dorsal (governa as funções executivas e decisórias)”.
O comprometimento destas áreas cerebrais vão aumentando progressivamente de acordo com o consumo das drogas. No começo o dependente ainda tem algum controle sob suas ações, mas em estágios mais avançados o indivíduo não tem mais controle, perdendo seu livre arbítrio.
Com o tempo a pessoa não utilizará a droga para lhe dar prazer e sim para ativar seu sistema de recompensa que já não mais responde como antes aos estímulos naturais.
Vimos então que o comprometimento das regiões pré-frontal e temporal do cérebro pode ocasionar mudanças no comportamento e no modo como a pessoa se relaciona com o mundo, afetando funções importantes como a atenção, memória, fluência verbal, funções executivas, a aprendizagem e a capacidade de tomar decisões.
Estudos mostram que estas alterações cognitivas provocadas pelas drogas podem ser compensadas por mecanismos neuroadaptativos desenvolvidos entre os dependentes, ou seja, determinadas áreas cerebrais tentam “compensar” falhas de outras áreas comprometidas durante a realização de tarefas cognitivas.
Enfim, o que se orienta aos usuários de drogas é que quanto mais cedo procurarem tratamento médico e psicológico, apoio familiar e de amigos para o fim do uso de drogas melhor para o seu prognóstico, pois não há certezas de que possa haver reversibilidade quanto aos prejuízos causados á memória, aprendizagem e funções cognitivas.

Texto de: Aline Bicalho - Psicóloga CRP 04/23701. Pós graduada em Psicologia Clinica Existencial pela FEAD - MINAS e pós graduanda em Psicopedagogia pela UEMG.



Referências Bibliográficas:
GUERRA, LB. Neuropsicologia e educação: perspectiva transdisciplinar. IN: Macedo, E.C., Mendonça, L.I.Z., Schlecht, B.B.G., Ortiz, K.Z., Azambuja, D.A. Avanços em Neuropsicologia: das pesquisas à aplicação clínica. São Paulo: Livraria Santos Editora, 2007. p. 207-219.
DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
BALLONE, GJ. Aspectos Cerebrais da Dependência. In. PsiqWeb, internet, Disponível em <HTTP://WWW. Psiqweb.med.br.html>, revisto em 2005. Acesso em 20 de Maio de 2011.
BRANDÃO, Antônio Celso da Costa. Como agem as drogas, efeitos sobre o SNC. In. Boas Práticas Farmacêuticas, internet, informativo 2009. Disponível em <HTTP:// WWW.boaspraticasfarmaceuticas.blogspot.com/2009/08/como-agem-as-drogas-efeito-sobre-o-snc.html>. Acesso em 20 de Maio de 2011.
BALTIERI, Danilo. Uso de maconha provoca déficit de aprendizagem. In. Cyber Drogas, internet, Disponível em <HTTP:// WWW.2.uol.com.br/vyaestelar/maconha_memória.html>. Acesso em 20 de Maio de 2011.




domingo, 22 de maio de 2011

Traumas Psicológicos


O trauma psicológico é um tipo de dano emocional que acontece em decorrência de eventos que marcam negativamente a vida de uma pessoa. Quem passou pelo trauma vivencia um medo exacerbado de que possa passar novamente pela mesma situação e faz de tudo para que o mesmo não aconteça.

Um acontecimento traumático pode ocorrer uma ou várias vezes repetidas o que afeta o modo como a pessoa lida, pensa e sente quando aquela experiência, podendo o trauma durar assim por semanas ou anos.

O trauma faz com que a pessoa se torne confusa e insegura, fazendo com que tenha muitas vezes medo de encarar a vida de frente. A pessoa sente-se geralmente em completo desamparo.

O trauma psicológico pode vir acompanhado de trauma físico ou existir unicamente.
São causas de traumas psicológicos:
·         Perda de entes queridos;
·          Abuso sexual;
·          Violência ou ameaças;
·         Desafeto;
·         Desilusão (especialmente se ocorrer na infância ou adolescência);
·         Eventos catastróficos como enchentes, desmoronamentos, guerras, terremotos, etc;
·         Abuso verbal;
·         Privações (enclausuramentos, comida, etc).

Um trauma pode ser vivido de várias formas e este varia de pessoa para pessoa. Uma pessoa pode sentir como traumático um evento que outra pessoa pode não sentir, e nem todas as pessoas que vivenciam uma experiência traumática (ex: desmoronamento) podem se tornar psicologicamente traumatizadas.

Geralmente o trauma ou evento traumatizante pode levar a pessoa ao que se chama de stress pós-traumático (estado ansioso com expectativa recorrente de reviver uma experiência que tenha sido muito traumática) que envolve alterações físicas no cérebro e dá lugar a mudanças de comportamento do sujeito.

São sintomas de stress pós-traumático:
·         Memórias traumáticas (lembranças), pesadelos;
·         Pensamentos indesejáveis recorrentes;
·         Estado de alerta;
·         Insônia;
·         Distanciamento afetivo e isolamento social.

Este transtorno acaba por limitar a vida da pessoa, deixando em baixa sua qualidade de vida, os relacionamentos pessoais e profissionais, sendo necessária a busca pela ajuda profissional de um psicólogo.

Tratamento:
Psicoterapia - com o objetivo de submeter ao tratamento a fim de superar o evento traumático através da construção de um novo significado/sentido para essa situação.

Aline Bicalho – Psicóloga (CRP- 04/23701)


 Referência Bibliográfica:

Wikipédia, a enciclopédia livre. Jan/2001. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Trauma_psicol%C3%B3gico. Acesso em 18 de Maio. 2011.

Blog Dicas. Disponível em http://www.blogdicas.com.br/afinal-o-que-e-um-trauma-psicologico/. Acesso em 18 de Maio. 2011.

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