quarta-feira, 9 de março de 2011

Sexualidade Infantil

            A educação sexual acontece a princípio no contexto da família onde a criança está inserida. Quando se pensa sobre o tema na infância deve ser levado em consideração o desenvolvimento emocional, isto é, deve-se observar o nível de maturidade e as necessidades emocionais da criança.
            “Desde pequena, a criança vai sendo informada e formada por aqueles que lhes são significativos. Isto acontece a partir do momento em que, através das sensações de calor, frio, aconchego, acolhimento, bem estar, desconforto, ela começa a ter as primeiras impressões sobre seu corpo através do toque e da relação com o outro” (OLIVEIRA,2000). Neste contato com o outro a criança da início a construção da sua identidade. A forma como os pais relacionam-se enquanto homem, mulher, enquanto casal e enquanto pais transmitem informações que ajudarão na formação desta identidade. Neste caminho, ela descobre sua genitália e o prazer em tocá-la, diferenciando do toque em outra parte do seu corpo. Neste momento, a criança pode fazer com que o adulto tenha dificuldade em lidar com este comportamento. Fingir que não vê, castigar, ameaçar, ocupar e distrair a criança estão entre algumas formas encontradas pelos adultos como reação nesta hora.
            Falar de sexualidade é também falar em cuidar-se, de como se lida com o íntimo, com o privado. Por isso, no momento da descoberta e do toque na genitália é importante, que a criança tenha assegurado de que seu ato não causa nenhum dano que mereça castigo ou punição, também é importante que receba orientação nos cuidados higiênicos e aprenda a cuidar-se para não machucar, por se tratar de uma região sensível. Deve ser passado também que o ato íntimo é privado e pessoal e que não deve ser feito em qualquer lugar, como por exemplo no colégio. Da mesma forma é de fundamental importância que os pais preservem também a criança daquilo que é íntimo dos pais: a relação sexual destes. Fechar a porta e não deixar a criança dormir no mesmo quarto, excluindo a criança daquilo que não é pertinente a ela, garante não só a privacidade dos pais, mas também, evita tumultos emocionais na criança.
            É importante que as questões da criança tenham espaço para serem colocadas e respondidas com clareza e simplicidade na medida em que esta curiosidade vai aparecendo. O erro dos pais às vezes está em querer livrar-se logo do assunto e, com ansiedade disparam a falar além da necessidade da criança, na tentativa muitas vezes frustrada de que nunca vão precisar falar sobre o assunto.
            Existem muitas formas da criança manifestar seus interesses e curiosidades sobre a sexualidade. Isto pode ocorrer através de piadinhas, comentários, palavrões e brincadeiras. Em sala de aula, por exemplo, algumas crianças podem querer ver a genitália uns dos outros. O professor, atento, pode aproveitar este momento, para falar sobre o corpo do homem e da mulher, das necessidades e curiosidades das crianças (formato, tamanho, pêlos...) desenhar a genitália e conversarem sobre suas diferenças e questionamentos.
            Uma das questões que mais aparecem entre as crianças é a curiosidade em saber como o bebê foi parar na barriga da mãe. Quando a criança fizer essa pergunta não quer dizer que ela queira ou agüente saber detalhes com relação ao ato sexual dos pais. Responder a criança de forma simples e objetiva satisfaz sua curiosidade. Ao longo da vida, as questões serão retomadas, fechadas, reabertas e enriquecidas. Às vezes basta saber que os bebês nascem do namoro de um homem e uma mulher (beijos, abraços, etc.). É importante falar, mas tomando cuidado com os limites da criança, ou seja, dizer somente o que ela agüentar saber, pois com a modernidade perdeu-se de uma forma geral, a noção do que é pertinente a criança.
            A sexualidade é construída ao longo da vida e encontra-se necessariamente marcado pela história, cultura, afetos e sentimentos, sendo vivenciada de forma diferente por cada pessoa. Cabe a nós pais, professores e profissionais especializados saber passar de forma certa e saudável a nossas crianças o que é a sexualidade.

* Aline Bicalho – Graduada em Psicologia pela PUC-Minas  e Pós Graduada em Clínica Existencial pela FEAD - Minas – CRP – 04/23701.
Referência Bibliografica:
OLIVEIRA, Nina Eiras Dias: Sexualidade Infantil II. Jornal Existencial, Ed: SAEP. Jun/2000.Disponível em <HTTP://www.existencialismo.org.br/jornalexistencial/ninasexualidade2.htm>. Acesso em 5 Sett.2010.




           

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