quarta-feira, 23 de novembro de 2011

SEXUALIDADE NA TERCEIRA IDADE

Para começar é importante que saibamos o conceito de sexualidade. De acordo com a OMS (organização mundial da saúde), sexualidade é:

"A sexualidade humana forma parte integral da personalidade de cada um. É uma necessidade básica e um aspecto do ser humano que não pode ser separado de outros aspectos da vida. A sexualidade não é sinônimo de coito e não se limita à presença ou não do orgasmo. Sexualidade é muito mais do que isso. É energia que motiva encontrar o amor, contato e intimidade, e se expressa na forma de sentir, nos movimentos das pessoas e como estas tocam e são tocadas. A sexualidade influencia pensamentos, sentimentos, ações e integrações, portanto a saúde física e mental. Se saúde é um direito humano fundamental, a saúde sexual também deveria ser considerada como direito humano básico. A saúde mental é a integração dos aspectos sociais, somáticos, intelectuais e emocionais de maneira tal que influenciem positivamente a personalidade, a capacidade de comunicação com outras pessoas e o amor". 

Além da dificuldade em compreender o conceito abrangente de sexualidade, denota-se uma tendência a desvinculá-la deste período da vida. Como que de um momento para o outro está dimensão sumisse, fosse lacrada da vida das pessoas. O idoso passa a ser analisado numa perspectiva assexuada, sem desejos, sem vontades, sem fantasias e sem expectativas. Se a sexualidade é parte fundamental do relacionamento com os outros, como é possível que na terceira idade não haja mais espaço para amar, para sentir e desejar?

Essa atitude repressora da sexualidade das pessoas de terceira idade é muito vista nos adultos, principalmente nos familiares. E é baseada nos velhos estereótipos de disfunção ou de insatisfação, que eles não são atraentes fisicamente, não têm interesse por sexo ou são incapazes de sentir algum estímulo sexual, ainda são amplamente difundidos. A falta de informação junto a tudo o que é dito, nos leva a pensar e ter atitudes pessimistas a tudo o que se refere ao sexo na velhice.

A sexualidade se expressa de diferentes formas e na terceira idade ela é vivenciada e expressada das seguintes maneiras: ama-se de maneira mais profunda, consegue-se purificar o amor da paixão que é mais sensual que a genital, um olhar ou uma carícia podem valer mais do que uma declaração de amor. Assim, a sexualidade continua a proporcionar sensações agradáveis, carinho, afeto e boa comunicação, resultando em sentimento de felicidade, segurança e bem- estar.

Mudanças na terceira idade:
Na mulher: entre os 48 e 51 anos a mulher entra na menopausa, as mudanças fisiológicas começam a ocorrer na pele, mamas, mucosa genital e também a sintomas psicológicos como irritação ou mudanças de humor, lembrando que variam de mulher para mulher. As mudanças sexuais são mais lentas e progressivas devido à diminuição da produção de hormônios femininos (a resposta sexual sofre algumas alterações, mas não desaparecem).
No homem: a produção de espermatozóides após os 40 anos é menor, mas não totalmente ausentes. Há redução da produção de testosterona, mas de forma lenta e pouco pronunciada. Alguns homens desencadeiam crises com sintomas psicológicos como depressão, irritabilidade e falta de impulso sexual. Ocorre também queda da ereção mais rápida após a ejaculação.
Os efeitos das doenças ou invalidez: disfunções cardíacas (apesar do temor de que as relações sexuais possam causar novos ataques, esse risco é muito baixo se seguir as orientações dos médicos, de 12 a 16 semanas a atividade sexual pode ser retomada) diabetes (muitos homens sujeitos a diabete não tem problemas, mas ela é realmente uma doença que pode causar a impotência). Artrite (dores articulares podem limitar a relação sexual. Tratamentos e cirurgias podem aliviar as dores. Em alguns casos a medicação pode diminuir o desejo pelo sexo. Exercício físico, repouso, banhos quentes e mudanças de posição durante o ato sexual podem ajudar).

Para além dos fatores fisiológicos, a vivência da sexualidade dos mais velhos sofre também a influência das atitudes e expectativas impostas pela sociedade, bom como de fatores psicológicos. A sexualidade na terceira idade parece estar mais vinculada à dimensão psicoafetiva, pois como diz Vasconcelos (1994), “O sucesso conjugal na velhice está ligado á intimidade, á companhia e a capacidade de expressar sentimentos verdadeiros um para o outro, numa atmosfera de segurança, carinho e reciprocidade”. O que pode significar uma oportunidade de expressar afeto, admiração e amor, a confirmação de um corpo ativo, aliado ao prazer de tocar, sentir e ser tocado.

Sendo a sexualidade uma esfera da vida tão importante em todas as fases do desenvolvimento humano, dando significado e segurança principalmente as pessoas de terceira idade, pois perante um conjunto de perdas e riscos que essa etapa pode acarretar, mais necessário se torna termos alguém com quem compartilhar as nossas angústias e ansiedades. A família, amigos, profissionais da psicologia e a sociedade podem e devem apoiá-los nestes momentos cruciais.

Nós como profissionais da psicologia, temos como princípio a não aceitação destas construções sociais, nossa intenção é fazer com que o idoso tenha autonomia própria e capacidade para desmontar e desmistificar as representações que se tem em relação a este período da vida, sendo um agente pró-ativo desta mudança.

"Prolongar a juventude é desejo de todos, desfrutar de uma velhice sadia é sabedoria de poucos”. (Autor desconhecido)

Referências:
VASCONCELOS, Naumi Antonio de. Comportamentos sexuais alternativos do jovem e do velho. A Terceira Idade, São Paulo, v. 5, n. 8, p. 47-50, 1994.
Capodieci, S. (2000). A Idade dos Sentimentos – Amor e Sexualidade após os sessenta anos. Editora: Edusc.


FILME: ELSA & FRED - DIA 07/12







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