terça-feira, 23 de abril de 2013

TRICOTILOMANIA


Tricotilomania  é um distúrbio crônico que faz com que a pessoa tenha um desejo incontrolável de arrancar seus cabelos, levando a uma notável calvície e provocando trauma, vergonha e acanhamento. Os lugares mais frequentes são: couro cabeludo, sobrancelhas e cílios. Outros lugares como barba e pêlos pubianos também podem fazer parte dos locais escolhidos.

Características do paciente com tricotilomania: Normalmente acontece todo um ritual de arrancamento dos pêlos geralmente as pessoas com esse transtorno fica alisando, enrolando e puxando os pêlos alvos. Esse ritual pode ser realizado enquanto se assiste à TV, dirige um carro, fala ao telefone, enquanto lê ou mesmo durante conversas com pessoas mais íntimas. Enquanto se realiza esse ritual a tensão se eleva e um desejo incontrolável de arrancar o pêlo se impôe, após o arrancamento há imediatamente uma sensação de alívio da tensão seguida de culpa por tê-lo feito. Algumas vezes o remorço por ter arrancado o cabelo leva a um comportamento de auto-punição, e como punição arranca-se mais cabelos tornando-se um ciclo vicioso.






Incidência

Acreditava-se ser um transtorno raro, mas sabe-se hoje que aproximadamente 4% da população apresenta tricotilomania. As mulheres são 4 vezes mais acometidas do que os homens. O início geralmente se dá antes dos 17 anos de idade. Início precoce é considerado antes dos 6 anos de idade (menor incidência), nessa fase a incidência é igual para ambos os sexos, a intervenção psicológica costuma ser bem sucedida quando o início se dá nessa época. Após os 13 anos é considerado início tardio (maior incidência) e nessa fase ocorre mais em meninas sendo de mais difícil controle.

Os casos de início cedo/precoce ou de leve intensidade podem ser contornados com mudanças no ambiente do paciente, tornando-o mais harmônico. Os casos de início tardio ou mais severos tendem a ser crônicos, requerendo intervenção médico-psicológica.

Causas

Segundo pesquisas, esse distúrbio não está relacionado a fatores psicológicos. Existem porêm, evidências de que há uma ligação entre a tricotilomania e acontecimentos marcantes ou estressantes que poderiam ter causado os primeiros sintomas do distúrbio.

Há relatos de pessoas que sabem exatamente como e quando a tricotilomania começou, outras não sabem relatar. Acontecimentos como pessoas que começaram a arrancar seus cabelos após algum incidente que causou preocupação em relação aos mesmos, como por exemplo, uma infestação de piolhos. Outras têm relatado começar a arrancar os cabelos brancos da mãe e sentir certo prazer no ato e após começar a rancar os próprios cabelos. Há também aqueles que dizem tudo ter começado com uma simples brincadeira, ou por terem observado alguém com esse comportamento.

Esse distúrbio não está relacionado a fatores psicológicos.Entretanto, exitem evidências de que há uma ligação entre a tricotilomania e acontecimentos marcantes ou estressantes (morte na família,começo das aulas, divórcio dos pais,    mudança de residência, ou de país,começo de uma carreira, ou um novo emprego) que poderiam ter causado os primeiros sintomas do distúrbio.

Consequências

O abalo emocional causado pela tricotiolamnia é muito grande. Sentimentos de impotência, isolamento, frustração, e vergonha, podem ter efeitos desastrosos na auto-estima de quem sofre do distúrbio. Geralmente o comportamento é mantido em segredo por anos e anos, tornando difícil o contato social, a permanência no emprego e até visitas ao médico. Muitos não procuram por ajuda, seja lá por pensarem que não há nada que possam fazer, por falta de informação, ou por medo. 

 O pior aspecto da tricotilomania é a ingestão dos cabelos, que pode levar a formação de tricobenzoá (acúmulo de pêlos ou cabelos dentro do estômago, que formam uma massa sólida, por não serem digeríveis), que com o tempo pode causar um bloqueio intestinal.

Tricobenzoá




Hábitos Relacionados a Tricotilomania: ficar olhando no espelho por longos períodos;  usar pinças;  puxar e enrolar os cabelos com os dedos; coçar e mexer nas sobrancelhas e cílios;  ficar procurando pelos cabelos bons;  puxar os cabelos um pouquinho de cada vez; ficar isolado da sociedade; ficar examinando os cabelos que acabaram de ser arrancados; morder a raiz dos cabelos; comer a raiz dos cabelos; comer os cabelos;  puxar a raiz dos cabelos;  escrever com a raiz dos cabelos; grudar a raiz dos cabelos em objetos; jogar os cabelos no chão; enfileirar os cabelos;  separar os cabelos claros dos cabelos escuros; passar os cabelos nos lábios; separar os cabelos finos dos grossos, entre outros.

Tratamento

As técnicas da terapia comportamental, a hipnose e os antidepressivos e neurolépticos estão entre as condutas que obtêm melhores resultados. Os antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina apresentam bons resultados no início do tratamento mas não mantêm o benefício. Tentativas têm sido feitas com outros psicofármacos associados a esses antidepressivos como o lítio e a pimozida. Os resultado foram encorajadores mas precisam ser confirmados. Aconselha-se que as medicações sejam administradas em conjunto com psicoterapia.

Depoimento:


Meu nome é Eliane, sou de São Paulo-SP, tenho 24 anos e há 15 anos sofro com a tricotilomania, sempre tive prazer em arrancar cabelos, começou com a minha mãe que pedia que eu arrancasse os cabelos brancos dela e eu adorava e arrancava tanto pretos como brancos e o que me animava é que eles fossem grossos, meio crespos, diferentes do normal pois todos da minha  família têm cabelos lisos. Depois quando eu estava com 9 ou 10 anos eu peguei piolho na escola e foi aí que a minha desgraça começou, eu tinha um cabelo maravilhoso de causar inveja, eu ficava alisando o fio para procurar lêndeas e como não conseguia tirá-las eu arrancava o fio, eu só sei que em poucas semanas com xampus os piolhos se foram e ficou a tricotilomania...Eu arranco somente cabelos e é geralmente no alto da cabeça, tenho uma falha enorme e a sorte é que sempre tive muito cabelo, o prazer é tão enorme que é quase sexual, como arranco os fios sempre no mesmo lugar eles crescem danificados e grossos e aí é um prato cheio, vira um círculo vicioso, estes fios nunca conseguem crescer. Minha casa vive cheia de cabelos pelo chão, evito usar roupas claras que contrastam com os fios que grudam em mim e todos me perguntam o porquê de meu cabelo cair tanto, quando eu varro o chão eu choro muito com a quantidade de cabelo que vejo e a culpa é enorme. Poucas pessoas sabem do meu problema, minha família não entende porque eu faço isso, vivem me censurando e zombando de mim e não compreendem que isso tudo é maior do que eu e que é terrível a sensação de culpa por sentir prazer em se autoflagelar. Evito ir ao Salão de Belezas e quando vou eu digo que tenho câncer com a maior displicência e é por isso que meu cabelo cai, acho que isso choca menos as pessoas e elas sentem pena de mim e querem me ajudar, seria diferente se soubessem que sou eu que causo este dano, seriam radicais comigo e com certeza zombariam de mim. Não permito que ninguém ponha a mão na minha cabeça, aliás eu nem gosto que toquem em mim, nem mesmo a minha mãe, que é a pessoa com quem eu divido minhas angústias, tem esse direito. Namoro há 5 anos e ele sempre reclama que eu não deixo fazer cafuné em mim, isso seria uma tortura tão gigantesca, como somente neste anos eu soube realmente, apesar de desconfiar, que isso é uma doença, eu pude contar a ele sobre meu sofrimento, chorando muito permiti que ele tocasse no meu cabelo, visse a falha e sentisse os toquinhos de cabelo crescendo, foi tão horrível, pensei que fosse desmaiar ou ter um colapso, quase não podia respirar, e depois que tudo terminou ele não deu a menor importância e acha que isso é frescura, mania tola como roer unhas como ele, isso me matou. Procurei dois psiquiatras este ano, o primeiro riu de mim e então eu imprimi tudo que encontrei na Internet sobre a tricotilomania e mandei pelo correio para esse idiota retardado, o segundo foi um amor comigo e realmente quis me ajudar, me receitou ansiolítico e antidepressivo e na euforia inicial eu parei de arrancar por três meses e aí um certo dia pus a mão na cabeça e de cara achei um fio que me excitou e começou tudo de novo com uma intensidade ainda maior e eu larguei a terapia e não tenho coragem de voltar. Acho que tudo isso em mim se resume em frustração de vários sonhos que nunca realizei, a ansiedade de algo bom que vai chegar e nunca chega realmente e não sei dizer o que é, e também ao medo que tenho da morte, pois eu tenho uma doença congênita muito rara que me faz sentir diferente das outras pessoas apesar de não ser visível e de eu estar bem. Resumindo, eu sofro muito mesmo, ao menos agora terei com quem dividir esse problema, já perdi minha a esperança, foram tantas tentativas, toucas, luvas, corte de cabelo... eu não acredito que eu possa parar, estou quase desistindo de me curar e se isso piorar eu juro que prefiro morrer . Espero que todos que tenham lido este depoimento sejam muito felizes!!!


Referências:

MAROT, Rodrigo. Psicosite. Tricotilomania. Disponível em: <http://www.psicosite.com.br/tra/out/tricotilomania.htm> Acesso em: 22/04/13.


S.O.S Tricotilomania. Tricotilomania. Disponível em: <http://tricotilomaniaonline.tripod.com/index.html> Acesso em: 22/04/13


Veja os vídeos ilustrativos:





4 comentários:

  1. tente usar toucas...nao fique sem,faça atividades fisicas ..arrume um animal de estimaçao..ou se tiver,leve o pra passear..etc,o importante é vc se distrair o máximo..e nao pare com o tratamento,faça a terapia junto com os remedios..nao desista..você nao esta nesse mundo atoa..há uma razão,faça a razão acontecer..sucesso pra vc no tratamento e na sua vida no geral..tudo de bom. ;)

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  2. Me identifiquei muito com sua história pois aconteceu a mesma coisa comigo,começei aos 15 anos por conta de uma infestação de piolhos e hoje tenho 30 anos e numca parei me sinto culpada por tudo issu é um ato incontrolável que procuro saida e nao acho ja passei com psicólogos tomei anti depressivos e nada fiz 6 meses de tratamentos e nada..
    Gente issu nao e frescura e sério so quem passa sabe.

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  3. Eu também tenho esse problema há mais de dez anos. JÁ tentei parar varias vezes, fico uns meses sem arrancar, mas depois volta tudo de novo. já estava desistindo, achava difícil me libertar. Em abril de 2018 resolvi tentar mais uma vez de uma forma diferente e está dando certo. Eu criei um obstáculo segundo regras. se eu arrancar um fio, tenho que desenhar uma flor, ou seja, desenhar uma flor para cada fio que arrancar. Está funcionando, desde o dia 19/04/2019 que não arranquei mais de um fio por dia. na verdade só uns três fios. Ainda fico pegando nos fios com frequência, mas não puxo pra não desenhar pois a flor dar trabalho e tenho preguiça.

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